Rui Sá Silva Barros – Astrólogo e Historiador
O Brasil é o terceiro lugar no mundo em população carcerária
com mais de 800 mil presos em 1500 presídios e delegacias que oferecem 400 mil
vagas, umas das causas da superlotação e das constantes rebeliões. Uns 320 mil estão presos sem julgamento e uma
quantidade significativa deles já
cumpriu pena, mas ainda estão presos por conta da burocracia judiciária. A
maioria é jovem, negra e não completou o ensino médio.
Os tipos de crime – A legislação penal brasileira é bastante severa e pune crimes sem violência com prisão. Isto é necessário? Melhor seria que a punição fosse estabelecida com medidas sociais em liberdade: os governadores relutam em gastar dinheiro com o sistema penitenciário o que aumenta a superlotação. Só 11% dos presos cometeram homicídio, a maioria cometeu furtos e roubos (37%) e narcotráfico (28%). Recentemente os crimes de colarinho branco e os digitais (hackers) estão crescendo. A polícia brasileira investiga pouco e processa ainda menos, cerca de 10%. Crimes denunciados na televisão são rapidamente investigados e não raro a polícia escolhe suspeitos através de clichês raciais ou pelo tipo de emprego.
A vida dos presos – Espancamentos
e estupros são comuns e os novatos penam. Há nas prisões pessoas que
participavam de grupos organizados e que se aproximam para autodefesa e
obtenção de pequenos privilégios. Grupos se formam espontaneamente no interior
dos presídios para os mesmos objetivos, assim os novatos são iniciados em nova
carreira criminosa. Poucos presídios oferecem educação, trabalho ou esporte e
muitos estão em estado precário tanto na edificação como nos equipamentos. Com a recente pandemia de coronavírus o
contágio se espalhou sem que as autoridades tenham tomado qualquer providência
séria.
Os agentes
penitenciários – Vivem sob constante ameaça, às vezes são poucos e abusam
da violência ou deixam a violência de grupos correr solta. Alguns são corrompidos
e outros recebem ameaças de morte para seus familiares. Eles são 110 mil, quase 1 agente para 8
presos. Em caso de rebelião são tomados como reféns.
Mulheres – Cresceu
muito a população carcerária feminina chegando a 45 mil presas. A maioria é
jovem, negra ou parda, baixa escolaridade e está presa por narcotráfico. Muitas
são mães e os filhos estão a cargo dos avós ou tios, outras estão grávidas.
Parte da população está em presídios mistos o que complica e fragiliza a
própria situação. As que estão sob cuidado de agentes masculinos são assediadas
com frequência.
Parentes – Há uma
verdadeira indústria de transporte para levar parentes a presos lotados em
outras cidades. O custo da viagem e estadia não é pequeno. As revistas podem
ser vexaminosas e às vezes os horários e rotinas são mudados sem maiores
explicações. As visitas são vitais para
manter a conexão com a família e vizinhos.
A saída – Os
presos deixam o presídio sem nenhum preparo para procurar uma nova vida. Os que
se filiaram a algum grupo geralmente seguem com ele quando saem. Os outros
enfrentam um grande preconceito quando procuram emprego, o apoio da família é
vital nesta fase e agora já existem ONGs e associações para facilitar o acesso
a empresas e preparar os ex-detentos.
Sugestões para melhoria do sistema
Em resumo o sistema é altamente ineficaz: superlotação,
custo alto, muita violência e rebeliões, quase nenhum preparo para a vida em
liberdade. Algumas medidas precisam de legislação e outras de mudança de
mentalidade. Isto é um primeiro esboço.
1 – Acabar com a prática policial de agredir ou atirar
primeiro e perguntar depois. Isto só pode ser conseguido por uma Corregedoria
externa, a interna acaba passando pano nas agressões.
2 - Crimes sem
violência devem ter penas leves e, sempre que possível, a prestação de serviços
comunitários.
3 – Reformar a estrutura dos presídios e fornecer educação,
trabalho e assistência médica aos detentos.
4 – Criminosos perigosos devem ser isolados em presídios
especiais evitando a contaminação de novatos.
5 – As presas devem ter presídios próprios e com agentes
penitenciários femininos.
6 – Concluir a informatização do judiciário o que
atualizaria os processos.
Com estas poucas medidas os números absurdos baixariam
imediatamente e dinheiro público poderia ser usado em educação e saúde. Esta
questão envolve a desigualdade econômica, o racismo entranhado na sociedade e
pede uma discussão séria sobre a drogadição: apesar de todo o combate ao
narcotráfico, o consumo só cresceu ao longo dos anos. Prender um vendedor de
drogas e vê-lo substituído no dia seguinte é uma prática sensata?
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